terça-feira, 7 de junho de 2011

DROGAS: NOVO ESPAÇO PARA RECUPERAÇÃO

MACAPÁ GANHA ESPAÇO PARA ATENDER DEPENDENTES QUÍMICOS

Postado by JOHN SCOTT
07.06.2011 - às 02h52

Centro de Atenção Psicossocial e outras Drogas conta agora com duas salas de atendimento individual, uma sala multiuso, enfermaria com três leitos para observação, entre outros espaços
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) oferece mais um serviço à população amapaense, trata-se do Centro de Atenção Psicossocial e outras Drogas (CAPS-AD), que será inaugurado nesta terça-feira, 7, a partir das 9h.

O Centro vai trabalhar com usuários de álcool e drogas que estejam em busca de tratamento, além de oferecer atendimento aos familiares para que, juntamente com a instituição, trabalhem em prol da recuperação definitiva do paciente.

O novo prédio conta com duas salas de atendimento individual, uma sala multiuso, enfermaria com três leitos para observação, uma sala para massoterapia, uma sala de terapia ocupacional, além de um amplo espaço para atividades físicas.

Vidas destruídas

Sonhos, família, bens materiais, e a dignidade. O que leva uma pessoa a deixar tudo que conquistou por alguns segundos de prazer e alucinações? O consumo de substâncias psicotrópicas vem crescendo a cada ano, e o surgimento de novas drogas preocupam autoridades e instituições que buscam a eficiência quanto ao combate deste problema social, que é também um problema de saúde pública.

O adolescente A. C. F., 13 anos, morador do município de Santana, trabalha nas ruas de Macapá como engraxate há pelo menos três anos. Ele diz que neste período já usou cola de sapateiro, mas, atualmente, está usando maconha.

“É fácil comprar a cola. Quando ela não é vendida para nós, pedimos para um conhecido maior de idade comprar. Comecei a usar maconha, pois o efeito dela dura mais tempo e a cola não”, comenta o adolescente.

A. C. F. mora com quatro irmãos e mãe, que está separada do pai há sete anos. O adolescente fala que trabalha para ajudar no sustento da casa, pois, sua mãe é a única com renda financeira na família. “Na verdade, o que ela ganha com a venda de salgados não dá para nos sustentar”, alega.

O psicólogo Mateus Brito, que irá atuar no CAPS explica que a cola de sapateiro também pode ser uma “porta” para outras drogas mais pesadas.

“A cola de sapateiro é uma droga e por ser facilmente encontrada e possuir baixo custo, ela é a preferida de meninos e meninas de rua. O uso da cola e a situação de rua pode levar esses adolescentes a consumirem drogas mais pesadas como maconha, cocaína ou mesmo o crack”, expõe o psicólogo.

As drogas permitidas

O álcool é um problema que atinge milhões de famílias em todo Brasil. Por ser uma droga legalizada, o acesso é fácil e a ausência de fiscalização favorece o consumo para menores de idade.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países onde há maior consumo de álcool no mundo. De acordo com o II Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, promovido pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), 108 cidades brasileiras, com mais de 200 mil habitantes, apresentaram índices elevados de pessoas dependentes do álcool, em torno de 12,3%.

O estudo aponta ainda que a dependência química é maior na faixa etária de 12 a 65 anos de idade, e que o número de dependentes precoce vem aumentando.

O diretor do Centro de Psiquiatria do Hospital de Clínicas Alberto Lima, Adriano Barros, explica que, quando há um caso de dependência de álcool na família, os envolvidos devem procurar fazer um diálogo aberto com o viciado.

“Em primeiro lugar conversar abertamente sobre o problema com o dependente, com o objetivo de encontrar uma solução e, principalmente, saber se há interesse por parte do dependente em se livrar das drogas e restabelecer a paz, a saúde e a felicidade em sua vida. Oferecendo a ele o que estiver ao alcance da família para ajudá-lo”, aconselha Adriano.

Além do álcool, o cigarro pode ser considerado como a droga que mais mata no mundo. Ele provoca hipertensão arterial, infarto do miocárdio, enfisema pulmonar, câncer (pulmão, boca, laringe, esôfago, estomago, etc.), amigdalite, entre outras doenças.

Adriano Barros diz que o cigarro traz consequências há longo prazo, pois na hora do consumo não há alteração de consciência, porém, mais adiante começam a aparecer as doenças que, além de causar transtorno à família, exige do governo um elevado custo no tratamento.

Onde buscar ajuda

O Centro de Atenção Psicossocial e outras Drogas (CAPS-AD) vai trabalhar com pessoas usuárias de álcool e drogas que estejam dispostas a deixar o vício. As terapias serão feitas por psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, massoterapeutas e fisioterapeutas. São aproximadamente 15 profissionais que prestarão atendimento a esses pacientes.

O serviço será custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e receberá contrapartida do governo do Estado. Além de ajudar na recuperação de dependentes químicos, os profissionais do CAPS irão atuar nas ações preventivas ao uso de álcool e drogas nas escolas, comunidades, instituições, entre outras.

A coordenação do Centro irá também executar o projeto “Consultório de Rua”, que consiste na abordagem de usuários e dependentes de álcool e drogas que estejam em situação de extrema vulnerabilidade. Os profissionais de saúde, lotados no CAPS-AD, farão visitas nos locais onde esses dependentes costumam frequentar para obter álcool ou drogas com maior facilidade.

O CAPS-AD vai funcionar na avenida Cora de Carvalho, nº 1731, esquina com a rua Hamilton Silva, bairro Santa Rita.

Alieneu Pinheiro
Assessor de Comunicação Social
Secretaria de Estado da Comunicação Social

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