quarta-feira, 9 de junho de 2010

FRONTEIRA MARGINALIZADA

ARTIGO

AS FRONTEIRAS NO PLATÔ DAS GUIANAS
por Arnaldo J. Ballarini*

O distanciamento do poder político central levam os espaços de fronteiras a serem territórios alijados das políticas públicas e excluídas dos processos econômicos. Carentes de integração socioeconômica são áreas marginalizadas com características distantes das outras áreas do território as quais fazem parte, assumindo perfis próprio. A região fronteiriça do Platô das Guianas reflete com clareza esta realidade onde os territórios das Guianas e do Amapá, são espaços geopolíticos que se parecem mais entre si, do que com as demais áreas dos seus países.

Traços étnicos marcados pela miscigenação, a musica, a língua e a hábitos alimentares fazem da fronteira do rio Oiapoque região peculiar, dificultando identificar de que lado o rio essas pessoas vivem. Quando se trata de descendência indígena, torna-se impossível identificação da nacionalidade visto que além dos aspectos da semelhança fenotípica, a identidade, o comportamento, os conceitos de espacialidade e territorialidade são iguais.

As diferenças surgem no poder da economia, ou melhor, poder de compra no qual os moradores do lado francês em sua maioria, goza de um montante digno para aquisição dos insumos e condições básicas como alimentos, roupas , moradia, lazer e pequenos luxos. Do lado brasileiro poucos conseguem garantir meios dignos de sobrevivência. Mas, o que sobressai nas diferenças, está nos aparelhos sociais à disposição, como saneamento básico, serviços de saúde e educação disponível, pendendo favoravelmente ao lado estrangeiro.

Percebe-se que as semelhanças étnicas contrastam com o antagonismo social presente, tornando heterogêneo a vida desta população, o que fatalmente leva aos conflitos sociais pelo jogo dos interesses. Há também os conflitos ambientais com a exploração de áreas de garimpo, madeiras, transformação de áreas de florestas em pastagens para gado e outras atividades predatórias em busca da sobrevivência sem o devido cuidado ao meio ambiente.

A região fronteiriça no Platô da Guiana é, portanto um espaço de vulnerabilidade populacional do ponto de vista social e ambiental. As distorções sociais, com acentuada exclusão, a alta mobilidade populacional, o forte transito das mercadorias e os danos ambientais, dão a importância que esforços deverão ser empreendidos pelos governos. Invoco os governos com poderes locais pela facilidade de compreensão dos problemas do cotidiano das pessoas, assim como pela facilidade nos arranjos dos micros poderes.

Os problemas sócio-ambientais são comuns aos diferentes países da região, como também são comuns os seus condicionantes e determinantes. Isso nos reflete a necessidade de adequar os aparelhos sociais à prestação de serviços a população geral, universalizando o atendimento, independendo das distintas nacionalidades. Para tal, a conversa das áreas da saúde, educação e segurança deverão ser os elos desta aproximação visando buscar soluções em conjunto.


*Arnaldo J. Ballarini é mestre em desenvolvimento regional.

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